Antes de tudo, nunca tinha ouvido falar da saga a qual “Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos” é inspirada, e não imaginava a proporção que o filme tinha até chegar na sessão de pré estreia e encontrar um grupo enorme de fãs, praticamente acampados, esperando ansiosamente a exibição. Bacana foi ver a disposição do pessoal, independente do que seria apresentado minutos depois. Mas levando em conta que eu não li nenhum livro, e só tinha como referência o trailer que fora exibido em sessões anteriores, fui disposto a apreciar o entretenimento, e, ao fazer uma análise do material, levar em consideração, exclusivamente, a proposta cinematográfica.

A história é, basicamente, sobre uma jovem e bela garota, Clary Fray (Lilly Collins), que, aparentemente, vivia uma vida como qualquer outra adolescente americana, porém, cercada por símbolos misteriosos, e que um dia, prestes a aniversariar, descobre que faz parte de um mundo (quase) paralelo – coexistindo com lobos, demônios, vampiros, bruxas, etc. -, descendendo de uma linhagem de caçadores de sombras (uma espécie de “ceita angelical do bem”), e, se não bastasse esse emaranhado de conjunções, ela ainda detém da informação necessária, guardada em seu subconsciente, através de um feitiço, para a obtenção do cálice o qual dá existência aos poderes dos caçadores de sombras. Suprassumo pra base de um entretenimento despretensioso, cheio de reviravoltas, e ação de sobra!

Premissa à parte, não há nada de novo na adaptação homônima do livro de Cassandra Clare feita por Harald Zwart, diretor do remake de sucesso de “Karate Kid“, com Jaden Smith, e aliás a experiência é mais um engôdo de todos aqueles mitos e lendas obscuras, numa versão light de um episódio qualquer de “Supernatural“, cheios de simbologia que nunca dizem nada relevante, e que devem ter saído dos visuais góticos cartunescos do Nightwish ou Evanescence, servindo apenas de pano de fundo pro típico romance adolescente e seus triângulos amorosos. Ademais, levando em conta que a fonte não pareça ser das melhores possíveis, o filme segue um raciocínio único, de arrancar suspiros das expectadoras mais emocionadas, e dar um sentido norteador aos infortúnios de Clary Fray (Lilly Collins), servindo de válvula de escape para adolescentes que, provavelmente, encontram-se deslocados ou desafortunados no amor, como a heroína da saga.

 

 

Por fim, ainda que o filme de Zwart disfarce toda sua limitação apostando num visual gótico – tentativa clara de criar uma camada atmosférica de terror e tensão, que nos minutos iniciais  até consegue isso com tamanha e surpreendente proeza, boa parte pelo trabalho belíssimo de cinematografia de Geir Hartly Andreassen (“Expedição Kon Tiki“) e direção de arte de Anthony Ianni (“Jogos Mortais 3“), não dá pra aliviar o fato do filme vender-se à um esteriótipo narrativo que vem sucumbindo quase todas as sagas advindas de Hollywood, sem qualquer identidade, preocupado apenas em gerar mais budget, subestimando o próprio público e sem nenhum senso de bom gosto. Em todo caso, se estiver procurando um entretenimento inofensivo, dá pra aguentar tranquilamente duas horinhas de “Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos“, ou melhor dizendo, bajulação romântica e engraçadinha.

 

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Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos

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