Banalizado quanto gênero, os filmes de terror, principalmente americanos, se tornaram uma espécie de nicho que se utiliza de uma mesma fórmula e elementos clássicos – casas mal assombradas, possessões demoníacas, fantasmas em fotos e espelhos – para arrancar sustos fáceis da audiência e, obviamente, gerar bilheterias monstruosas de baixos orçamentos. James Wan, que assume o suprassumo do momento, “Invocação do Mal”, é mestre quando o assunto é tornar baixos orçamentos em montes de dinheiro. Mas, mais do que isso, o diretor tem, também, redirecionado o gênero pra uma forma íntima e que faz jus aos grandes filmes – propriamente – de terror.

 

“Invocação do Mal” baseia-se em eventos (pretensiosamente) reais, relacionado às investigações feitas pelo casal Ed e Lorraine Warren, que, nos anos 70, foram os maiores investigadores de casos paranormais nos EUA, envolvidos até mesmo no famoso caso de Amityville. No filme, o casal é solicitado por Carolyn Perron (Lili Taylor) para desvendar os mistérios sobrenaturais que vem aterrorizando sua família, recém mudada em um velho casarão no meio da floresta. Estrutura similar ao longa anterior de Wan, “Sobrenatural”, outro sucesso do diretor, “Invocação do Mal” se utiliza de uma atmosfera documental que torna o espectador testemunha de eventos que parecem estar acontecendo em tempo real. Conduzido com tamanha classe estética, o filme se sobressai por trabalhar o drama da família junto aos eventos que com ela estão se desvendando como elementos climáticos, que dão sobriedade e a substância crível de um filme de terror. Manipulando a audiência a todo o momento com truques que instigam as emoções mais assustadoras, James Wan explora os clichês do gênero remetendo a clássicos do cinema, como “O Exorcista”.

 

 

Muito além de um filme de terror, “Invocação do Mal” é uma experiência artesanal, onde cada elemento – do elenco à trilha sonora – serve para dar o impressionismo cênico necessário para as formulações sugestivas da audiência quanto até que ponto o que estão vendo é real. Através do minucioso trabalho de mise-en-scène, da credibilidade transmitida por Vera Farmiga e Patrick Wilson como o casal Warren, e do dinamismo narrativo explorado pelo potencial imagético, “Invocação do Mal”, não fosse à obviedade aborrecida com a qual gradualmente vai se perdendo o realmente assustador, teria substância suficiente para considerar-se obra prima no gênero.

 

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