Assistir “Carrie: A Estranha” não é um trabalho muito custoso. O que quero dizer exatamente é que “Carrie: A Estranha” não dá pra ser considerado terror. Veja. Eu não sei qual é seu critério de aceitação de filmes de terror, ou suspense, mas Carrie está muito mais para um estilo meio “Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado” do que para um “O Grito” ou “Atividade Paranormal”.

Como todo remake, temos algumas inovações na história, e um dos destaques principais, claro, é a trilha sonora. Como você já deve ter visto por aí (em todos os textos falando sobre a trilha do filme), Carrie tem uma trilha sonora mais alternativa, com uma seleção de indie rock bastante presente durante todo o filme. Talvez, eu disse talvez, essa seja uma boa representação da personalidade de Carrie, assim como os sentimentos dela na história. Carrie apenas tem gostos diferentes, uma cultura e educação não alinhadas com o padrão high school americano e, tirando tudo isso, ela é uma pessoa normal. Não fosse, claro, o poder de telecinese.

Com isso, a pergunta-título deste post permanece. E se Carrie não fosse estranha? Lembro de assistir, há alguns meses, um vídeo de divulgação dessa nova versão de “Carrie: A Estranha“. No vídeo (que você pode conferir abaixo) uma mulher, aparentemente comum, perde um pouco a cabeça e acaba movendo vários objetos (inclusive um ser humano) com a mente. Várias pessoas saíram correndo, gritando, apavoradas com a situação e eu, olhando o vídeo, fiquei pensando: “How cool!”. Não sei se teria essa reação ao vivo, vendo toda aquela situação acontecer na minha frente, mas a única coisa que eu gostaria de saber na hora é: “como ela faz isso?”. Se eu perguntaria ou não para a menina, aí é outra coisa.

 

 

Expliquei tudo isso para chegar a um ponto que considero crucial nesse momento. De verdade. Se Carrie não fosse estranha, e carregasse com ela todos aquelas habilidades incríveis com a mente, a história teria o mesmo final? As pessoas teriam medo? Zoariam com a cara dela? 

Não dá para deixar de citar aqui a super franquia “X-Men” (que já conta com 7 filmes, se formos contar os Wolverines avulsos). E uma das discussões mais presentes em todos os filmes da série é a questão do preconceito e da negação do diferente. Mutantes, com poderes que podem causar muitos danos às pessoas, são tratados com violência. A sociedade não mutante tem medo, mas tudo o que eu penso é: “Wow! Queria poder ter esse poder”. Bem diferente, vamos combinar, da reação dos personagens quando descobrem que são mutantes. 

Tem um outro filme muito bacana que mostra exatamente a minha linha de raciocínio. “Poder Sem Limites” conta a história de três jovens que encontram uma pedra misteriosa e, com isso, ganham poderes de telecinese. O facínio da descoberta das novas habilidades toma conta dos três e, além de passar boa parte do tempo tentando entender a situação, eles também se divertem.

 

 

O grande questionamento que você deve levar para a vida, depois de ler esse post é: e se você tivesse os mesmos poderes de Carrie, Wolverine, Ciclope ou os garotos de “Poder Sem Limites“? Qual seria sua reação? Mais importante ainda talvez, seja um questionamento um pouco mais abrangente: e se você estivesse na mesma situação em que eles estão? Como iria se sentir?

Vale lembrar, apenas para finalizar, que não incluí aqui um dos principais argumentos presentes no filme com relação aos poderes de Carrie. A forte ligação da mãe de Carrie com o pensamento católico/evangélico (não fica muito claro no filme), leva-nos a acreditar que Carrie é uma condenada desde seu nascimento. Mas, novamente, o filme leva-nos a acreditar que ela é, sem necessariamente que ela seja. Não nos damos a chance de pensar ao contrário e de imaginar que, talvez, tudo não passe de fruto da imaginação de sua mãe. 

Um dos principais ensinamentos da Doutrina Espírita é: “não faça aos outros o que não queres que te faça”. O Budismo também segue uma linha parecida ao pedir para “fazer o bem sempre que possível. Se não puder fazer o bem, tente não fazer o mal”. Independente da doutrina, é importante refletir sobre os temas que “Carrie: A Estranha” resgata. Com tanta gente agindo parecido por aí, com coisas muito menores, dá pra perceber que Carrie talvez não seja tão estranha assim. Todos somos.

 

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