O longa-metragem de animação “The Last – Naruto: O Filme” foi realizado com a intenção de dar um fechamento para a saga do jovem ninja Naruto, depois de mais de dez anos de anime e de mangá.

Atenção! O texto contém SPOILERS, então se você é algum tipo de fã fanático que odeia spoilers e tudo o mais, não leia, fecha a página e vá ao cinema. ou veja o trailer!

A animação é um misto de alegria e tristeza, não por conta da narrativa forte mas sim por conta da maneira com que os personagens foram jogados na história, alguns literalmente jogados, e depois tirados sem nenhuma explicação aparente (o que foi a aparição de dois segundos do Sasuke? Ele apareceu só para explodir um meteorito e depois simplesmente desaparece). A sensação de que o filme foi mutilado, foi cortado, alguns diriam até censurado, me perseguiu durante o filme inteiro – a mim a outras pessoas com quem conversei após a sessão.

Naruto é conhecido, entre outras coisas, por ser um anime violento, com muita luta, muito sangue, algumas mortes. Não vemos nada disso no longa metragem. Nem agressões diretas são apresentadas, a não ser quando aparecem por intermédio de alguma técnica ninja, algo que não pode ser reproduzido humanamente. A ausência de cenas mais pesadas, mais fortes e mais condizentes com a realidade do anime da série me faz pensar que foi uma alternativa (dos produtores?) de diminuir a classificação indicativa, para chamar um público maior às salas de cinema. Mas na realidade isso pode acabar tornando-se um tiro no pé, uma vez que o público mais velho, que acompanha a série com muito mais afinco do que os mais novos, pode optar por não ir ao cinema assistir “The Last” (sem contar na frustração de assistir ao filme em português, e não em japonês, o idioma original).

Entretanto, em meio a tantas questões desfavoráveis, a trama é muito bonitinha e supri uma demanda de resoluções por parte da vida pessoal do Naruto, que é deixada em segundo plano na série. Cara a cara com aquilo que pode causar o extermínio da humanidade inteira (na realidade do Planeta Terra) Naruto finalmente entende o verdadeiro sentimento do amor, do companheirismo e da cumplicidade que sente pela Hinata, uma garota ninja que é apaixonada por ele desde pequenina. Em meio à explosões e à ameaça iminente de morte os dois se encontram e tem uma espécie de resolução para sua história, que assim como é longa é bonita também. Eles foram feitos um para o outro (literalmente, afinal são personagens! Haha).

Falando em “feitos um para o outro”, o longa traz como simbolismo muito forte uma crença japonesa através do cachecol, que a Hinata tricota dezenas de vezes para presentear Naruto, mas sempre algo acaba destruindo o cachecol e estragando tudo. Bom, essa crença popular deles diz que da ponta do mindinho/minguinho/dedo-mínimo/ou-seja-lá-como-você-chame sai um fio vermelho que está conectado diretamente à ponta do mindinho de sua “alma gêmea”, ligando assim as duas pessoas. Esse fio pode se esticar, pode se encurtar, mas nunca, em hipótese alguma, o fio se romperá, porque sua essência é o amor em sua forma mais pura. As duas pessoas podem não se conhecer, podem cada uma morar em um canto diferente da Terra, mas um dia os dois hão de se encontrar e viver felizes para sempre. Posso ter errado aqui ou ali com relação a essa parte da cultura japonesa, porque meus conhecimentos sobre a área não são muito profundos, mas a moral é essa. E no filme, o cachecol, também na cor vermelha, representa esse fio, que liga Naruto a Hinata.

Outra coisa que me instigou foi que, mesmo sendo um filme de fechamento de saga, ele não traz muitos spoilers com relação aos acontecimentos da série, pelo menos não de forma significativa. Claro que alguns têm, como por exemplo o Kakashi-sensei estar sem o sharingan e ser o Hokage-sama de Konoha, ou o Gai-sensei estar em uma cadeira de rodas. Mas ainda assim sabemos muito pouco sobre o que de fato aconteceu – o que é ótimo, porque não tira a emoção dos episódios que ainda estão por vir.

Enfim, como todo filme, e mais, como todo filme que tem uma base muito forte em outras plataformas como o anime e o mangá, no caso, ele tem seus pontos positivos e negativos. Para mim, infelizmente, muito mais negativos do que positivos. Porém, para outras pessoas com quem conversei foram muito mais positivos. Mas no geral, se você gosta de Naruto e desse universo ninja vale a pena conferir o filme, nem que seja só para ver seus personagens favoritos em tela grande (até o Sasuke está lá!).

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