Duas Rainhas” vai muito além de um filme histórico. Ele retrata a história britânica falando sobre política e o poder das mulheres em uma sociedade patriarcal.

O roteiro, baseado no livro ‘Mary, Queen of Scots’ de John Guy, mostra a vida de Mary Stuart (Saoirse Ronan), que foi levada da Escócia para a França, durante batalhas entre Protestantes e Católicos na Escócia e Inglaterra. Os dois países viviam em batalhas de poder e, para salvar Mary quando ela ainda era um bebê, a enviaram para a França para se casar com o herdeiro francês e manter a união dos dois países. Essa parte da história não aparece no filme, pois não foca no crescimento dela. Porém, é importante para o espectador conhecer essas batalhas, para entender melhor o desenrolar do filme.

O filme começa com o retorno de Mary à Escócia, após o falecimento do príncipe francês. Com seu retorno, ela pretende assumir seu trono como Rainha. Para nós, brasileiros, a sucessão ao trono inglês é mais difícil de entender, porque existem muitas variáveis nessa história. Mas resumidamente, para os católicos, a rainha Elizabeth I (Margot Robbie) era uma rainha ilegítima, portanto Mary, como descendente direta de antigos reis ingleses, deveria ser a Rainha de ambas Escócia e Inglaterra e, por isso, Mary e Elizabeth eram vistas como inimigas.

Porém, a história entre as duas é retratada de uma forma que vai além da inimizade. O filme foca em como, cada uma delas, pretende liderar seu país em paz. Mas elas vivem em um mundo patriarcal e machista, que não enxerga a mulher como sua verdadeira governante. Os homens entendem que as ações das rainhas prejudicam a liderança dos países. E, por isso, o filme gira entre intrigas políticas feitas por lordes que não concordam com as opiniões das rainhas. Enquanto isso, as duas rainhas tentam viver de forma a aceitar a irmandade enquanto rainhas e mulheres num mundo masculino, mas ainda sim, tentando colocar suas vontades à frente da outra.

A relação de Saoirse e Margot no filme é muito boa. Mesmo contracenando apenas em uma cena, elas demonstram a amizade necessária entre duas mulheres no poder e ao mesmo tempo a dificuldade em se unir como irmãs, sem arruinar seus próprios reinos.

Como o livro em que “Duas Rainhas” é baseado foca na história de Mary, o filme não seria diferente. Ele mostra uma rainha que, apesar de ter convicções fortes sobre sua religião ela era católica aceita que seus súditos sejam protestantes e não tenta convertê-los. Além disso, o filme lida com questões de gênero e com a liberdade de escolher quem você quiser ser. Isso deixa Mary bem humanizada e a retrata como uma mulher à frente de seu tempo. Mas o filme ainda mostra o preconceito e o machismo tanto com questões de gênero, quanto com mulheres que se estende até hoje.

Já no lado de Elizabeth, eles retratam uma mulher que, mesmo com opiniões fortes e a vontade de ter um ambiente de paz, precisa se transformar em outra pessoa para poder continuar governando. Ela está envolta de tantos homens com poder que, para ser respeitada e continuar liderando, precisa se transformar em um deles.

Duas Rainhas” ainda conta com aspectos técnicos impecáveis. Tanto a fotografia, quando maquiagem e figurino deixam o filme mais verídico e extremamente bonito visualmente.

Mesmo sendo um filme mais parado, graças ao contexto histórico, “Duas Rainhas” é um grande filme que vai além de contar uma história, ele mostra o retrato de uma sociedade que patriarcal que reina até hoje.

 

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