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Um filme sem pretensões de ir além do óbvio retratado em seu pôster de divulgação: homens bonitos e sarados, posicionados estrategicamente para oferecer seus atributos físicos ao público – e só. Embora essa frase seja, de fato, uma crítica à sua pobre história, “Magic Mike XXL” não chega a destoar de seu trailer e, portanto, não se contradiz: você verá algumas boas sequências de dança e muitos abdomes definidos.

O longa dirigido por Gregory Jacobs mostra a vida atual de Mike Lane (Channing Tatum) atuando no comando de seu próprio negócio na Flórida, longe do grupo de strippers “Kings of Tampa”. Mike é surpreendido por um encontro com seus antigos colegas do ramo e, movido pelo impulso de fazer um bom show, cai na estrada em direção à Convenção de Strippers em Myrtle Beach para realizar uma última performance usando (sunga) fio-dental.

Diferentemente de seu precedente (“Magic Mike“), não vemos as personagens (antes relevantes) de Matthew McConaughey, Alex Pettyfer e Cody Horn (Dallas, Adam e Brooke, respectivamente), e, infelizmente, tampouco se vê uma abordagem mais aprofundada das questões envolvendo o ramo de entretenimento adulto – como Steve Soderbergh (então diretor) surpreendentemente fez no primeiro filme. Basicamente, a saída do enredo tapa-buraco para justificar essa falta foi apontar que Dallas e Adam se mandaram para fora, atrás de um novo empreendimento, enquanto Mike revela que Brooke lhe deu um pé na bunda que talvez tenha gerado nele o sentimento de renovar os votos com os palcos do strip-tease.

E assim o filme se dá: não há comprometimento do roteiro (assinado por Reid Carolin) em relação aos objetivos dos personagens, exceto pela expectativa da apresentação em Myrtle Beach. Em certos momentos, vislumbra-se um enorme potencial de verticalizar as imagens dos remanescentes “Kings”, Tito (Adam Rodriguez), Ernie “Tarzan” (Kevin Nash), Ken (Matt Bomer), Big Dick Richie (Joe Manganiello), e do MC Tobias (Gabriel Iglesias), esperando-se que seus conflitos pessoais sejam abordados e explorados, mas eles não o são. Gregory Jacobs e Reid Carolin preferiram economizar na fórmula do road movie, adicionando elementos de comicidade barata e superficial.

Após várias sequências de homens sem camisa, a angústia de ver algo que se harmonize com o primeiro filme é deixada de lado e, pela diversão, compra-se o produto oferecido: algumas risadas e corpos bem esculpidos em coreografias sensuais. Neste ponto, mesmo ultrapassada a expectativa em visualizar algo não superficial no roteiro, é inevitável comentar que as cenas poderiam ter passado por uma melhor edição, não é mesmo, Sr. Soderbergh (diretor de fotografia e produtor executivo)?

Mesmo com esses furos, as atuações de Jada Pinkett Smith (como Rome) e Donald Glover (Andre) trazem frescor às caricatas cenas de homens tirando roupa e sendo adorados por mulheres ávidas por toque humano e atenção. Amber Heard Depp, entretanto, não convence como a “misteriosa” Zoe. Não se sabe se ela é uma fotógrafa em busca de aventuras ou apenas uma jovem entediada pela mesmice de sua vida pacata, mas digamos que não devemos responsabilizá-la integralmente por esses pontos de interrogação em relação à sua personagem (alô, roteirista!).

De fato, “Magic Mike XXL” entra para a lista de filmes não memoráveis, daqueles que ficam para a gente ver quando sente a necessidade de consumir algo junkie e descartável, assim, de imediato, sem pensar duas vezes. Porque, ao lado de uma boa pipoca e das companhias certas (leia-se: que apreciem corpos masculinos), a sensação de estar diante de um guilty pleasure se torna mais presente, e daí a fórmula de comédia barata e boba convence.