Diretor de mais de vinte curta-metragens ao longo de sua carreira, Steve McQueen causou polêmica em seu trabalho de estreia nas telonas, o clássico moderno “Shame“. Com Michael Fassbender no papel principal como o viciado em sexo Brandon, McQueen se fez ver e ouvir e já marcou seu nome entre os maiores da indústria na atualidade.

 

Agora o diretor vai para o século XIX para contar em “12 Anos de Escravidão a história real de Solomon Northup, negro livre no ápice da escravatura que é vítima de uma negociação cruel em uma viagem de trabalho. Após ser dopado e sequestrado, Solomon é obrigado a se separar de sua esposa e seus dois filhos e servir como escravo em uma época considerada entre as mais desumanas vividas nos Estados Unidos.

Baseado no livro escrito pelo próprio Solomon, resgatado alguns anos antes da abolição, o roteiro escrito por John Ridley resgata a história detalhada deste pai de família que precisou fazer a dura escolha de deixar suas instruções, educação e sentimentos pela família de lado para poder sobreviver em meio aos senhores de engenho e seus capachos, percorrendo um caminho sofrido, porém repleto de esperança.

 

Belissimamente contado por McQueen em grandes locações rurais que ambientam perfeitamente as fazendas dos Estados do sul americano e com fotografia primorosa, 12 Anos de Escravidão” capricha também na edição de som e trilha sonora, que aguçam ainda mais a sensibilidade do espectador. Sensibilidade essa arrebatada também por seu elenco que, como não poderia deixar de ser, vem da melhor classe de atores do momento.

O rosto pouco conhecido de Chiwetel Ejiofor, além de seu inegável talento, trás ainda mais veracidade a Solomon, em um trabalho conjunto com o diretor que lhe rendeu uma indicação ao Oscar deste ano. Também com uma indicação está sua colega Lupita Nyong’o, que por sua atuação fervorosa concorre na categoria Melhor Atriz Coadjuvante. Como os “mestres” de nosso herói estão Benedict Cumberbath, surpreendentemente delicado e, como sempre, incrivelmente passional, seguido por Michael Fassbender, ator que sabe tanto seduzir quanto aterrorizar, e faz o vilanesco papel do fazendeiro Edwin Epps. Já Brad Pitt assina a co-produção através de sua empresa PlanB e chega para fazer uma ponta importante, assim como o cada vez mais genial Paul Dano.

 

 

Apesar da temática completamente distinta de “Shame“, Steve McQueen trabalha novamente com uma trama extremamente real e delicada, levada por um protagonista que emociona e conquista o espectador através da sua jornada de luta e sofrimento. Com um retrato tão descoberto que pode chegar a incomodar, McQueen é honesto e sensível ao relatar a vida desse homem de uma maneira que torna impossível não imaginar que esta poderia ter sido eu, você ou a pessoa ao nosso lado e, assim, toca fundo na ferida sem medo de incomodar, a favor apenas de não se deixar esquecer.

 

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