Talvez o filme mais esperado do ano, “Gravidade”, o enérgico novo longa de Alfonso Cuarón, chega aos cinemas brasileiros prometendo ser uma das experiências visuais mais inacreditáveis e belas dos últimos anos. Tamanha estimação é compreensível, dado que os detalhes conhecidos sobre o filme o transformam nesse objeto imaculado do cinema de ficção científica, na qual a curiosidade imediatamente se torna protagonista.

Os momentos iniciais de “Gravidade” denotam a exposição artística do cinema de Cuarón. Através dos longos planos seqüência, sua marca registrada, a ambientação espacial é explorada a fim de compreender o que ali está prestes a se estabelecer. Enquanto a inexperiente Sandra Bullock coloca suas especialidades em prática para consertar o telescópio Hubble, o sempre carismático George Clooney conta histórias aleatórias, como descontração, até ser interrompido pela voz de Ed Harris (justamente o ator de “Apollo 13” e “Os Eleitos”) que o notifica sobre fragmentos de um míssil russo prestes a colidir com a operação de sua tripulação. Observa-se que a tensão seqüente junto ao deslumbre visual, estampados nos trajes espaciais de Clooney, ganham vida própria aos olhos da câmera de Cuarón. E, curiosamente, essa visão de Cuarón explora uma construção minuciosamente manipulativa das sensações do espectador, auxiliada sempre pelo desenho de som, que capta principalmente o silêncio espacial, e do virtuosismo estético da fotografia utópica de Emmanuel Lubezki (parceiro do diretor em “Filhos da Esperança” e o responsável por “A Árvore da Vida”, de Terrence Malick). As camadas atmosféricas fornecidas pelo diretor, essencialmente advindas do apurado trabalho científico o qual “Gravidade” realiza, encontram construção expansiva na personificação crível de Sandra Bullock e, especialmente, George Clooney num melodrama malickano sobre a contemplação da vida.

 

 

Retomando uma ideia semelhante ao desenvolvimento narrativo de “Filhos da Esperança” quanto ao espaço/tempo em que os personagens se encontram “Gravidade” se sobressai, principalmente, pela transposição das imagens em função do desdobramento psicanalítico de um ritual de passagem traumático – potencializado pela honestidade de Sandra Bullock – que se por um lado é formulado por um sentimentalismo simplório, por outro adquire no retrato de Cuarón uma sensibilidade brutalmente intensa.  

 

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CRÍTICA 01 | “Gravidade por Thiago Cardoso

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Carlos Pedroso Muita conversa fiada. facebook | instagram | twitter | blog