O especial dessa semana é na verdade uma dica pessoal sobre um achado independente, lançado em meados de Julho do ano passado aqui no Brasil, que roda os festivais internacionais desde 2011. “Weekend”, dirigido pelo britânico Andrew Haigh, é uma dessas relíquias do (quase finado) movimento Mumblecore, que na estranheza dos diálogos e da intensidade narrativa, constroi com delicadeza e simplicidade um estudo praticamente clínico sobre a relação de dois estranhos que acabaram de se conhecer.

 

Depois de começar a noite numa reunião entre amigos, Russell (Tom Cullen) decide-se ir a um clube gay para ver se encontra alguém. Entre troca de olhares e uns passos tímidos de dança, ele acaba conhecendo Glen (Chris New), com quem passa a noite em seu apartamento. Na manhã seguinte, após o constrangimento inicial, Glen surpreende Russell ao pedir a ele que conte sobre a experiência que acabara de ter ao gravador que ele segura em suas mãos. Se utilizando dessa natural e brutalmente humana forma breve de relação (sexual) como base para seu estudo, Andrew Haigh, adentra, a cada novo diálogo que se dilui em cena, numa discussão social e, consequentemente, dos conflitos homossexuais, explorados pelo minucioso trabalho de câmera e montagem, que desmistificam qualquer estereótipo ou ideologia cuspida. Arquitetado em moldes similares aos dramas românticos, com a liberdade de mise en scène, dissecando as relações modernas e a liberdade de expressão dos personagens, o filme de Haigh se sobressai, a todo o momento, do nicho queer independente, por não levantar qualquer bandeira e por tratar do assunto abertamente.

 

 

Ao contrário da costumeira agressividade fílmica advinda da temática – compreensível de certo modo pela polêmica que a cerca e pelas diversas formas de pensamentos -, em “Weekend”, mais do que qualquer abordagem discursiva, os personagens tem o papel de retratar atos simplórios, como em seu desfecho final – quando Glenn, na estação de metro, logo antes de se despedir de Russell, o questiona sobre aquele ser o “momento Nothing Hill” deles (em referência ao clássico de Julia Roberts e Hugh Grant). É na honestidade concebida desses atos que se compreende, antes de qualquer coisa, que esses personagens são humanos.  

 

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