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Os indicados ao Oscar 2015 pela categoria de Melhor Animação, no geral deixam a desejar em originalidade e beleza. O conteúdo é duvidoso mas a diversão é garantida. Os cinco filmes variam muito de um para o outro e deixam claro qual será o vencedor da estatueta dourada (infelizmente). Eles são “Os Boxtrolls”, “Operação Big Hero”, “Como Treinar Seu Dragão 2”, “Le Chant de la Mer” e “O Conto da Princesa Kaguya” (em ordem de des-preferência) e todos eles, em níveis distintos, falam a respeito de autoconhecimento.

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Conheça os indicados:

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Os Boxtrolls

Um stop motion, independente, voltado para crianças bem pequenas e que a cada segundo tenta propor algo de engraçado para levar o expectador às risadas. Isso não acontece. Usando de uma mistura mal feita entre os Minions e o universo Tim Burton, o filme conta a história de um menino de dez anos, crescido junto a monstrinhos que usam caixas de papelão como roupa, que descobre que não é um “boxtroll”, mas um humano. Com a ajuda de sua amiguinha rica-e-ruiva-mimada-pelo-pai os dois salvam as criaturinhas do ódio mortal nutrido contra eles pela cidade adoradora de queijos (uma cutucada americana nos colegas franceses). Pontos negativos: todos. Sem nada de novo a acrescentar, o filme é cheio de dedos para tratar da desigualdade social e do preconceito com o diferente, o que acaba sendo um tiro no pé. Os personagens são superficiais e a história não convence. É tudo muito óbvio, não há mistério, não há aquele sentimento de degustar o filme enquanto ele acontece. Pontos (quase) positivos: tem um personagem importante que é um travesti. É insinuado um caso entre ele e o pai da amiguinha rica-chata-e-ruiva, no momento em que todo descobrem que a Madame Fru Fru é na verdade Archibad Snatcher. Até seria interessante se na verdade o sr. Snatcher não fosse o grande vilão da história (incentivando o preconceito de gênero).

Operação Big Hero

Uma animação distribuída pela Disney que se passa num futuro nem tão distante assim, na cidade de São Frantókio. Esse filme já é mais interessante, trabalha com valores mais fortes e coloca o coletivo acima, bem acima, do indivíduo. Hiro é um geniozinho de 14 anos de idade que passa por uma grande perda na família. Junto com alguns amigos, e com inteligência e tecnologias surreais, ele busca vingança. Em uma batalha para superar seu luto, Hiro precisa aprender a não colocar suas necessidades acima das outras pessoas, por mais cruel que o outro ser humano (ou máquina) possa ser. Pontos negativos: o começo é muito cativante. As expectativas são elevadas ao extremo logo no começo, porém o filme não se sustenta. Da metade para o fim o trabalho emocional riquíssimo perdeu espaço para um exibicionismo megalomaníaco (seria se não fosse animação). Outro aspecto não tão interessante foi a mistura nipo-americana. A inclusão dos queridos japas na América foi quase bem sucedida, mas muitas referências pareceram gratuitas, quase que para justificar a genialidade do garoto. Pontos positivos: o personagem de Hiro é muito cativante e complexo. Ele e seu irmão são uma dupla incrível que brinca com nossas emoções de um jeito bonito de se ver, pelo menos no começo do filme. Além disso, o pequeno gênio nos proporciona cenas bem interessantes e engraçadas, principalmente com o robô fofinho, criado para ajudar as pessoas.

Como Treinar Seu Dragão 2

O filme é um misto de tristeza e alegria. A animação da Dreamworks é a segunda deste universo, a continuação das aventuras de Soluço e seu dragão, Banguela. Sou suspeita para falar, pois adoro esses dois personagens. Escrevi um post enorme no ano passado, quando o filme foi lançado, (Veja AQUI). Confesso que não gostei de muitas coisas neste filme, como o maniqueísmo. Porém, continuo o defendendo como um ótimo filme devido à jornada interna que Soluço enfrenta, representada pelas grandes cenas de luta entre os grandes dragões rivais. Ele encara o reino dos mortos, e retorna com toda a força que necessita para ser o líder que seu pai não foi. Assim como em “Os Boxtrolls“, aqui o personagem principal também não sabe se é um humano ou um dragão (no caso do outro filme, era um boxtroll, não um dragão). Mas aqui existe um personagem muito complexo, cheio de vida, cheio de dúvidas, e se ele não completar sua jornada de autoconhecimento toda a ilha de Perk terá um destino trágico, enquanto na outra animação a cidade iria continuar como estava, só que sem as criaturinhas “sujando” tudo. Tenho muito mais elogios do que objeções a fazer e creio que esse seja o favorito da academia para receber o homenzinho de ouro. O que pode não ser tão bom assim.

Song of The Sea

É a animação que mais me intrigou. Creio que pelo fato de não ter chegado ainda às salas de cinema brasileiras (nem naquelas online, onde para assistir você só precisa clicar em “download”). Isso faz com que eu não tenha muito o que dizer a respeito, uma vez que não assisti ao filme, mas vamos lá. É uma animação francesa, que ilustra uma lenda da folclórica irlandesa e tem um traço muito delicado, em 2D (diferente das outras animações já citadas acima). O filme conta a história de Bem e sua irmã, Saoirse, a última criança Selkie. As Selkies eram criaturas que viviam como focas no mar, mas que tornavam-se seres humanos na terra (semelhante ao Boto Cor-de-Rosa, do nosso folclore). Os dois irmãos enfrentam uma jornada que só eles, por serem quem são, poderiam seguir. Essa me parece ser daquelas histórias meio líricas, que dizem muito mais do que possamos imaginar. Porém isso também é só minha imaginação por não ter assistido ao filme.

Bom, vamos à melhor parte, à sobremesa!

O Conto da Princesa Kaguya

Um filme japonês, dos estúdios Ghibli (“Meu Amigo Totoro”, “A Viagem de Chihiro”). Também com uma animação em 2D, possui o estilo mais marcantes que eu me lembre de ter assistido em um filme de longa-metragem. Os traços variam de quadro a quadro, modificando-se do início ao fim de acordo com os sentimentos da personagem principal, Kaguya. Ela é uma menina advinda da Lua, que foi encontrada por um homem simples dentro de um broto de bambú. Ele a levou para casa, para cuidar da pequena e frágil criatura, e ele e sua esposa viram a adorável criança crescer rapidamente (não é força de expressão! Em dias, ela cresceu o equivalente há anos). O casal queria dar a ela tudo o que lhe era de direito. Luxo, sedas, tapeçaria, empregados, educação. Mas tiraram dela o mais básico, a força que a movia e que alegrava os seus dias: sua liberdade. Sair do campo e ir para a cidade foi um baque tremendo em seu desenvolvimento e em seu ânimo. Um lar que era só alegria, risadas e animação passou ao profundo silêncio. Pontos positivos: além dos traços marcantes, lindos e instáveis, a história é muito singela. Sua simplicidade consegue atingir o mais profundo canto de nossas almas e nos emociona do início ao fim. O tempo passa muito rápido ao ver a animação. Tão rápido quanto o crescimento de Kaguya, mas ao mesmo tempo muito sutil. Ao subirem os créditos você tem a sensação de que se passaram muitas e muitas décadas desde que as luzes se apagaram e os trailers terminaram. Tem tudo para ser uma linda história feliz de uma menina feliz. Mas como as boas histórias desse tipo, acaba sendo uma linda história triste de uma menina que queria ser feliz. Pontos negativos: por ser uma animação oriental, não ganhou muito destaque (tanto que o filme é de 2013 e só agora se tornou conhecido, e ainda assim, mesmo sendo indicado ao Oscar, não teve muito espaço), e por isso dificilmente poderemos ver o filme nas grandes salas de cinema. Além disso, dificilmente o filme ganhará o prêmio pela categoria na qual foi indicado, por mais que este seja de longe o melhor dos quatro (não posso falar pela animação francesa).

Se você me perguntasse para quem eu entregaria o Oscar, eu diria para “O Conto da Princesa Kaguya“, sem sombra de dúvidas! Porém, se você me perguntar quem eu realmente acho que vai levar a estatueta, eu digo que será o Soluço e seu dragão. Filmes estrangeiros, a menos que façam um enorme sucesso de bilheteria, não costumam levar prêmios principais. Dos americanos, “Como Treinar Seu Dragão 2” é o mais profundo e bem elaborado dos três. Não que ele não mereça, ou que não seja um bom filme, mas o outro merecia mais. Se bem que talvez a academia surpreenda. “Operação Big Hero” tem feito um grande sucesso e também fala de temas importantes, apesar de não ter um roteiro tão bem estruturado. Pode ser que o pequeno japinha acabe levando o prêmio para a casa. E no fim recomendo todos eles, de preferência nessa ordem, do melhor para o fim, assim a decepção será sempre menor.

E você, qual filme acha que será o grande vencedor?

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