As maravilhosas histórias de “Mary Poppins” invadiram as livrarias em 1934 e imediatamente a babá que chega em seu guarda-chuva voador pelos céus de Londres, ganha a atenção e o amor das crianças Banks e deixa tudo em seu devido lugar, conquistou famílias do mundo inteiro. O carisma e as lições de Mary Poppins se tornaram ainda mais permanentes quando, mais de 20 anos depois, ela ganhou vida e forma através da incrível Julie Andrews na adaptação cinematográfica feita por Walt Disney

A transição das páginas dos livros para as telonas, porém, foi um tanto complicada. Sua autora, P. L. Travers, abominava as adaptações literárias feitas em Hollywood na época e estava longe de confiar sua mais famosa personagem na mão de qualquer um, mesmo que este fosse Walt Disney em pessoa. Em “Walt nos Bastidores de Mary Poppins” temos a oportunidade de ver de perto o complicado processo de criação deste clássico e o relacionamento entre os maiores responsáveis por sua realização, assim como descobrir mais sobre essa autora tão reservada e sua influência sobre  os profissionais que marcaram época e ajudaram a dar vida a Mary, Bert e os Banks. 

A genial Emma Thompson é quem interpreta Travers, retratada como a mulher ríspida que sai de sua zona de conforto para embarcar, praticamente a força, até Los Angeles. Mal ela poderia imaginar que a viagem não apenas tornaria possível a realização de um dos maiores sucessos musicais do cinema de todos os tempos, como iniciaria ali uma jornada pessoal ao ter suas memórias mais delicadas trazidas à flor da pele enquanto relembra suas motivações para a invenção da babá favorita de tantas pessoas.

Em montagem paralela ao longo de todo filme, acompanhamos a supervisão da autora durante a pré produção de “Mary Poppins“, seu pitacos quanto às músicas, figurinos e até mesmo atores, juntamente com momentos de sua infância, vivida em um ambiente pobre e rural da Austrália. Assim, a criança inocente e sonhadora, feliz ao lado do pai, se contrasta à mulher rabugenta e ácida que há 20 anos se recusa a dar os direitos autorais de seu livro para Walt Disney

Apesar do sentimentalismo e da profundidade dada à narrativa através dos flashbacks que apresentam o espectador ao relacionamento de Travers com seu pai (Colin Farrell), o que mais envolve e, principalmente, diverte em “Walt nos Bastidores de Mary Poppins” é a estada de P. L. Travers no ambiente Disney. Levada aos Estúdios que mais parecem um campus de universidade para gente grande que transborda criatividade, a senhora ranzinza é obrigada não apenas a sair da nublada Londres para encarar a ensolarada Los Angeles, como a deixar a solidão de sua casa e se acostumar com a simpatia e amabilidade gratuita de Walt Disney (Tom Hanks), quem não tira o sorriso do rosto, mesmo com as implicâncias infinitas da autora quanto sua pretendida adaptação.

 

 

Desde “Mary Poppins não canta!” até “Não permito animações na minha história, de jeito nenhum!”, Travers estava disposta a ser uma pedra no sapato de todos, o que significa trabalho ainda maior para os compositores Robert e Richard Sherman (B. J. Novak e Jason Schwartzman), que no fim das contas tiveram em “Mary Poppins” seu maior sucesso, o tornando famosos até os dias de hoje. Apesar das frustrações diárias, Walt estava decidido a fazer o filme acontecer e ao longo da trama testemunhamos uma charmosa caminhada de envolvimento e compreensão entre a dupla.

 

 

Querido Walt provavelmente ficaria orgulhoso ao ver mais uma de suas produções reunir elementos técnicos como figurino, fotografia e trilha sonora em excelente qualidade a uma história divertida e um elenco estelar magnífico, composição que era – e nunca deixou de ser – sua fórmula mágica para realizar um filme leve e descompromissado, perfeito para a família. Era o que ele fazia, o que ele gostava e, certamente, como ele desejaria que um pedaço de sua vida fosse contado.

 

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