Se há um filme que com toda certeza mexerá com seu emocional, será “Cafarnaum“. Muitos com quem conversei compararam este com o ‘Menino do Pijama Listrado‘ ou até mesmo o ‘Caçador de Pipas‘, dois filmes muito bem feitos e emocionantes, entretanto, nada te prepara para um choque de realidade tão pesado quanto o contado neste longa, aonde a vivência do protagonista mais parece um martírio, um crueldade, um pesadelo que não parece ter fim. Onde as circunstâncias te levam ao necessário para sobreviver.

O longa conta uma história ‘fictícia’, e digo isso entre aspas, pois o contado aqui, não é mera ficção, mas a triste realidade de várias crianças que vivem na região da Síria. Temos a história de uma família disfuncional, cheia de problemas e com vários filhos, sendo o mais velho, um garotinho de aproximadamente 12 anos chamado Zain (Zain Al Rafeea). Eles vivem em um cortiço subumano, aonde todos dividem as tarefas. Brincadeiras quiçá existem, no máximo brincam de armas feitas com pedaços de madeiras e iniciam-se cedo no vício do cigarro. Infelizmente sua irmã mais nova é forçada a um casamento forçado, e isso o deixa revoltado, fazendo-o fugir de casa.

O sofrimento começa a partir desta jornada aonde o menino mal sabe o que fazer, mas independente disso, é uma situação aonde ele consegue contornar, sempre dando um jeito. Ele encontra uma imigrante ilegal Etíope que lhe dá abrigo e comida, e enquanto ela trabalha, ele fica em casa cuidando de seu bebê. E por infortúnio, ela é impossibilitada de voltar a casa, deixando assim, o pequeno menino tendo que cuidar do bebê. O filme começa a te impactar mais ainda por essa situação, é uma sentimento angustiante diante de tanto sofrimento. E a frieza das pessoas em volta, não fazendo nada. É como se aquela região fosse esquecida por todos, onde a sobrevivência é o mais importante, cada um tendo seus problemas, não querendo mais nenhum para administrar.

Zain, faz de tudo para cuidar deste bebê, e o mais impactante é a cabeça, a madureza desta criança, nos ensinando que o sofrimento amadurece qualquer ser humano. Mesmo apesar das circunstâncias ele se mantém de pé. Faz o impossível para se manter vivo, até o momento que não pode mas lidar com certas situações onde o coloca em um dilema triste demais. O longa nos entrega não só a triste realidade deste pequeno menino, mas de todos ali, fazendo você analisar sua triste vida. O que eu achei incrível neste filme, além da história impactante é a atuação de todos, mas principalmente do pequeno Zain que leva o mesmo nome do seu personagem. Pelo fato de sua vida real ser muito triste mesmo, parece que ele carregou esse peso em seu personagem. Durante todo o filme vemos dor, tristeza, sofrimento em seu olhar, como se ele não precisasse dizer nada. Ele não dá um sorriso durante todo o filme e suas palavras sempre são carregadas de dor ou pesar. Ele suporta um peso enorme para uma criança, agindo como um adulto a maior parte do tempo.

Cafarnaum” não só é um belíssimo filme que está indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, mas um dos que você deve assistir na vida, aonde te imerge em um mundo aonde desconhecemos sua realidade, nos ensinando sobre a vida, sobre ser gratos, termos empatia e acima de tudo, agradecer pelo que temos, até as mínimas coisas. Um filme lindo, tocante, apaixonante. Super recomendo a todos assistirem a este filme, aonde a diretora Nadine Labaki surpreende em nos lembrar como é a vida de verdade para muitas pessoas.


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